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Publicado em 07/12/2020

CTIA discute inovação e tendências de consumo na última reunião de 2020

Em um ano marcado pelo imponderável de uma pandemia, com comércios e serviços fechando ou operando em regime especial, desde março, o crescimento de 5,6% no mercado de fertilizantes no Brasil comprova o que, nos campos do país, já se dizia há tempos: o agro não parou. Ao contrário, seguiu em ritmo crescente, aditivado pelo câmbio e pelos altos patamares de preços da commodities agrícolas, como soja e milho. Mesmo o algodão, cultivo cuja cadeia produtiva sofreu grande impacto negativo, com o fechamento das lojas, sinala positivamente para 2021, graças a estes dois fatores, que favorecem a rentabilidade do produtor. Estas conclusões – além de debates sobre tendências de mercado, inovação, com a entrada dos bioinsumos e novas tecnologias – pontuaram a 106ª reunião da Câmara Temática de Insumos Agropecuários (CTIA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizada virtualmente na tarde desta segunda-feira (30/11).O encontro reuniu cerca de 30 participantes, dentre produtores, Governo, representantes do setor de fertilizantes, máquinas e defensivos, sendo o último encontro do calendário da câmara, neste ano de 2020. A CTIA  é presidida, atualmente, pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).


 


Embora o Brasil seja um dos maiores fornecedores globais de alimentos e fibras têxteis naturais, cerca de 80% dos insumos que utiliza em sua agricultura são importados, desde máquinas e fertilizantes, até os defensivos. Em defensivos, o país representa 20% do mercado global, e o setor movimentou, em 2019, US$12,4 bilhões. O alto custo destes insumos faz com que os agricultores persigam cada vez mais fortemente a boa performance em produtividade, fator definitivo para a competitividade da agricultura brasileira – tropical e mais suscetível ao ataque de pragas, além de não subsidiada – em confronto com os concorrentes pelo mercado.


 


Para o presidente da CTIA, e vice-presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, na busca pela alta produtividade, o agricultor brasileiro usa toda a tecnologia disponível “e até aquelas que ainda nem foram criadas”. Ele exemplifica o avanço do país neste quesito, comparando o valor da cesta básica no Brasil nos anos de 1970 e atualmente. “Naquela época, a alimentação representava 45% do destino da renda das famílias. Hoje, este custo é de 14%. Só chegamos a este nível com tecnologia e com o aperfeiçoamento do trabalho dos agricultores em seus sistemas produtivos”, disse Busato.


 


Inovação


 


As novas tecnologias dominaram boa parte das discussões na reunião, com foco para os bioinsumos – como bactérias, vírus, fungos e nematoides – que vêm ganhando espaço no manejo integrado de pragas e doenças do agro no Brasil. A Embrapa tem hoje cerca de 500 pesquisadores dedicados ao tema, que, segundo o representante da instituição, Ivan Cruz, “é uma realidade mundial”. No portfólio da entidade, estão produtos para controle biológico, promotores de crescimento e bioativos. Muitas das biofábricas funcionam on farm, e a organização do setor, assim como a possível concentração dos biológicos nas mãos das multinacionais, que já dominam o mercado dos químicos, também estiveram em debate. Luis Eduardo Pacifice Rangel, diretor de Prospecção do Mapa, enfatizou o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado pelo Ministério em maio deste ano, para aproveitar a grande biodiversidade brasileira ajudando o país a reduzir a dependência externa pelos insumos tradicionais.


 


Sobre as tendências para 2021, a expectativa apresentada pelas cadeias produtivas presentes foi de manutenção no crescimento de consumo, de adimplência do produtor, e de intenção de investimentos em máquinas, equipamentos, infraestrutura e recursos humanos para os próximos 12 meses. Os dados são da pesquisa apresentada pela Associação Brasileira da Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). De acordo com o representante da entidade, Carlos Florence, “apesar da leve queda de 2% no indicador de vendas, 83% das respostas foram otimistas, contra 6% pessimistas e 11% neutras”, revelou.


Fonte: Imprensa Abrapa