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Publicado em 06/08/2020

Algodão volta às lavouras do PR com bons resultados a produtores

No último verão, o produtor rural e engenheiro agrônomo Edson Hirata, de Rolândia, na região Norte do Paraná, enfrentou o assédio de diversas pessoas que procuravam sua lavoura para tirar fotos. O motivo: a bela paisagem repleta de plumas de algodão criava um cenário incomum que chamava a atenção de quem passava pelo local, sendo que muitos nunca haviam visto uma lavoura igual aquela.

Hirata faz parte de um time de produtores, que decidiu apostar em uma cultura que estava em declínio no Estado nas últimas décadas, mas que guarda grande potencial de ganhos. Desde 2015, a Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar) realiza um projeto, com apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e colaboração de diversas entidades estaduais como o Instituto de Agronomia do Paraná (Iapar), Embrapa, cooperativas e empresas, para reinserir a cultura no agronegócio paranaense.

A estratégia é interessante, uma vez que o algodão já teve grande importância na economia do Estado. Segundo dados da Acopar, há 20 anos, o Paraná respondia por metade da produção brasileira (leia mais no quadro da página 16), mas questões climáticas e comerciais, somadas à incidência de uma praga de difícil controle, o bicudo, jogaram os cotonicultores paranaenses na lona.

Hoje, o cenário é diferente, de modo que a cultura pode ressurgir em um novo contexto técnico e tecnológico, mais propício para o sucesso. “Acompanho [essa retomada da cultura do algodão] há três anos este esforço épico de buscar novos materiais. Os cerca de 700 hectares cultivados este ano demonstraram bons desempenho, produtividade e qualidade de fibra”, observa o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, que acredita na possibilidade do algodão vingar como cultura. “Mas ainda não dá para afirmar que será este o modelo. Ainda não atingimos o padrão de produtividade que gostaríamos de ter”, observa.

No caso do produtor de Rolândia, o resultado alcançado já na primeira safra (2017/18) foi positivo, 291 arrobas por hectare. A produção, por intermédio da Acopar, comercializada junto a uma indústria de beneficiamento no Estado de São Paulo. Na época, Hirata vendeu o algodão com caroço por R$ 34,50 a arroba. “Constatei que a rentabilidade é boa mesmo. O resultado final deu duas vezes mais que a soja”, ressalta.

Engenheiro agrônomo, Hirata utiliza o algodão na rotação de cultura da sua propriedade. Em uma área de 24 hectares, ele destina um terço para o algodão e dois terços para a oleaginosa. Na safra seguinte, alterna a área que destinou ao algodão. “Estava procurando uma opção de cultura para rotação no verão que não fosse o milho. O algodão é uma boa opção porque quebra o ciclo de pragas e doenças”, observa.

Embora o lucro seja maior, a implementação da cultura também é mais cara que a soja. Na avaliação de Hirata, o custo da fibra foi o dobro da oleaginosa. “O adubo e as sementes são as partes mais caras”, avalia. O custo para implementação de algodão, segundo o produtor, ficou em R$ 5,1 mil por hectare. Para efeito de comparação, o produtor gastou R$ 3 mil por hectare de soja no mesmo período.

Nova era da fibra

Uma das etapas mais onerosas da produção algodoeira também passou a ser otimizada. A colheita, manual no passado, hoje é mecanizada. Desta forma, é importante observar a declividade da área onde se pretende cultivar o algodão. “Não pode ser muito ‘dobrada’ senão a máquina não entra”, aconselha o produtor de Rolândia.


Fonte: Notícias Agrícolas