Promovemos a viabilidade técnica e econômica de um novo modelo para retomada do algodão no Paraná
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A colheita de algodão foram iniciadas no Paraná neste final do mês de maio em vários municípios. Cambará, Sertaneja, Rolândia, Sertanópolis, Jataizinho, Itambaracá, entre outras, iniciaram o processo que deverá encerrado daqui a duas semanas.
De maior produtor de algodão no passado, a fibra ocupa apenas uma área de 1.500 hectares no Paraná e envolve apenas 12 produtores, informa o consultor e pioneiro na introdução do algodão na região do cerrado, Eleusio Curvelo Freire, que viaja o Brasil todo fornecendo consultoria para os produtores de algodão. “Trata-se de uma área pequena, com a aplicação de tecnologia inspirada no cerrado. Utilizamos uma colheita de algodão mecânica, com transporte de algodão a granel, sem risco de contaminação e preservando a qualidade do produto”, enfatiza.
Conversamos com Eleusio no estande da AMAPA (Associação Maranhense de Produtores de Algodão), durante a Agrobalsas, realizada de 16 a 20 de maio, na região Sul do Maranhão. Ele conta que a Associação dos Cotonicultores do Paraná (Acopar) possui hoje quatro colheitadeiras de fardão. “Os equipamentos atendem os principais polos de produção no Estado. Todo o algodão colhido é beneficiado e comercializado imediatamente, abastecendo a indústria têxtil”, informa. Esse modelo de produção no Paraná foi retomado há 6 anos e ele gera uma rentabilidade a dois hectares de soja.
Eleusio conta que em um passado não muito distante, a cotonicultura paranaense era movida basicamente por pequenos produtores, utilizando o manejo de boias-frias. “A partir de certo momento, o algodão do Paraná não pode ser manter no mercado, pois não era competitivo com os outros importados, de melhor qualidade e preços mais baixos”, salienta.
O consultor afirma que há mais de 50 anos, o Paraná era o maior produtor da fibra do Brasil, porém, vários foram responsáveis pela quase extinção do algodão no Estado. Um deles foi a chegada do bicudo, praga que devastou a cultura na época e até hoje ataca a o algodão. Contribuiu também a chegada da mecanização, que começou a ser usada e gerar um algodão livre de sujeiras e outras imperfeições.
“Somado a isso, chuvas intensas e uma mudança na política trabalhista brasileira e de crédito e a concorrência desleal com o algodão importado, produto este de mais qualidade devido a tecnologia, a cultura do algodão sucumbiu no Paraná”, conta Eleusio.
Isso tudo quase decretou o fim do algodão no Paraná. “A cultura decaiu de uma área de 700 mil hectares na década de 1990 para os 1.500 hectares anuais”, afirma.
Hoje a realidade se tornou totalmente adversa quando comparada há 50 anos. Porém, agora, três décadas depois, a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABAPA) tem planos de retormar a produção no Estado.
A Associação dos Cotonicultores do Paraná tem um projeto arrojado de retomada e incentivo da atividade. “Queremos atingir 1% da área de soja com a rotação do algodão. Esse percentual representa 60 mil hectares”. Com base nas indústrias têxteis em funcionamento do Paraná, seria suficiente 50 mil hectares de algodão para abastecer a demanda”, descreve Freire.
Conforme Freire, os estados do Paraná e São Paulo também possuem uma vantagem em relação ao cerrado: a janela de plantio. O algodão destes dois estados é plantado no mês de novembro e colhido em maio e junho. Já o do cerrado, o plantio ocorre entre os meses de dezembro e janeiro e a colheita, de julho a outubro.
“Não há motivo para os produtores paranaenses não plantarem algodão. A terra é boa e adequada à cultura e existe o fator de rotação de culturas, essencial para manter a qualidade do solo no binômio soja e milho”, salienta.
A expansão do algodão no Brasil se deve aos investimentos feitos pelos estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás e Minas Gerais. A qualidade do grão brasileiro é reconhecida internacionalmente, pela resistência, brancura e comprimento das fibras.
Recente levantamento divulgado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, mostra um crescimento do setor algodoeiro no País. A exportação nacional na safra 2021/22 chegou a 1,68 milhão de toneladas de algodão, gerando uma receita de US$ 3,208 bilhões.
Essa realidade credenciou o Brasil na condição de segundo maior exportador mundial da commodity, atrás dos Estados Unidos, como Estado do Mato Grosso liderando a lista de maiores produtores.
A produção total na safra atingiu 2,5 milhões de toneladas, representando um aumento de 5,8% em relação ao período anterior. A expectativa é de aumento de 1,3% na área plantada na safra 2022/23, chegando a 1,657 milhão de hectares. Já a produção é estimada em 2,94 milhões de toneladas, ou seja, 17,6% de aumento.
Fonte: Portal Rural News