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Publicado em 06/06/2023

Paraná inicia colheita do algodão já pensando em aumentar área plantada

A colheita de algodão foram iniciadas no Paraná neste final do mês de maio em vários municípios. Cambará, Sertaneja, Rolândia, Sertanópolis, Jataizinho, Itambaracá, entre outras, iniciaram o processo que deverá encerrado daqui a duas semanas.


De maior produtor de algodão no passado, a fibra ocupa apenas uma área de 1.500 hectares no Paraná e envolve apenas 12 produtores, informa o consultor e pioneiro na introdução do algodão na região do cerrado, Eleusio Curvelo Freire, que viaja o Brasil todo fornecendo consultoria para os produtores de algodão. “Trata-se de uma área pequena, com a aplicação de tecnologia inspirada no cerrado. Utilizamos uma colheita de algodão mecânica, com transporte de algodão a granel, sem risco de contaminação e preservando a qualidade do produto”, enfatiza.


Conversamos com Eleusio no estande da AMAPA (Associação Maranhense de Produtores de Algodão), durante a Agrobalsas, realizada de 16 a 20 de maio, na região Sul do Maranhão. Ele conta que a Associação dos Cotonicultores do Paraná (Acopar) possui hoje quatro colheitadeiras de fardão. “Os equipamentos atendem os principais polos de produção no Estado. Todo o algodão colhido é beneficiado e comercializado imediatamente, abastecendo a indústria têxtil”, informa. Esse modelo de produção no Paraná foi retomado há 6 anos e ele gera uma rentabilidade a dois hectares de soja.


História do algodão no Paraná


Eleusio conta que em um passado não muito distante, a cotonicultura paranaense era movida basicamente por pequenos produtores, utilizando o manejo de boias-frias. “A partir de certo momento, o algodão do Paraná não pode ser manter no mercado, pois não era competitivo com os outros importados, de melhor qualidade e preços mais baixos”, salienta.


O consultor afirma que há mais de 50 anos, o Paraná era o maior produtor da fibra do Brasil, porém, vários foram responsáveis pela quase extinção do algodão no Estado. Um deles foi a chegada do bicudo, praga que devastou a cultura na época e até hoje ataca a o algodão. Contribuiu também a chegada da mecanização, que começou a ser usada e gerar um algodão livre de sujeiras e outras imperfeições.


“Somado a isso, chuvas intensas e uma mudança na política trabalhista brasileira e de crédito e a concorrência desleal com o algodão importado, produto este de mais qualidade devido a tecnologia, a cultura do algodão sucumbiu no Paraná”, conta Eleusio.


Isso tudo quase decretou o fim do algodão no Paraná. “A cultura decaiu de uma área de 700 mil hectares na década de 1990 para os 1.500 hectares anuais”, afirma.


Retomada da cultura no Estado


Hoje a realidade se tornou totalmente adversa quando comparada há 50 anos. Porém, agora, três décadas depois, a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (ABAPA) tem planos de retormar a produção no Estado.


A Associação dos Cotonicultores do Paraná tem um projeto arrojado de retomada e incentivo da atividade. “Queremos atingir 1% da área de soja com a rotação do algodão. Esse percentual representa 60 mil hectares”. Com base nas indústrias têxteis em funcionamento do Paraná, seria suficiente 50 mil hectares de algodão para abastecer a demanda”, descreve Freire.


Conforme Freire, os estados do Paraná e São Paulo também possuem uma vantagem em relação ao cerrado: a janela de plantio. O algodão destes dois estados é plantado no mês de novembro e colhido em maio e junho. Já o do cerrado, o plantio ocorre entre os meses de dezembro e janeiro e a colheita, de julho a outubro.


“Não há motivo para os produtores paranaenses não plantarem algodão. A terra é boa e adequada à cultura e existe o fator de rotação de culturas, essencial para manter a qualidade do solo no binômio soja e milho”, salienta.


Algodão expande no Brasil


A expansão do algodão no Brasil se deve aos investimentos feitos pelos estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás e Minas Gerais. A qualidade do grão brasileiro é reconhecida internacionalmente, pela resistência, brancura e comprimento das fibras.


Recente levantamento divulgado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, mostra um crescimento do setor algodoeiro no País. A exportação nacional na safra 2021/22 chegou a 1,68 milhão de toneladas de algodão, gerando uma receita de US$ 3,208 bilhões.


Essa realidade credenciou o Brasil na condição de segundo maior exportador mundial da commodity, atrás dos Estados Unidos, como Estado do Mato Grosso liderando a lista de maiores produtores.


A produção total na safra atingiu 2,5 milhões de toneladas, representando um aumento de 5,8% em relação ao período anterior. A expectativa é de aumento de 1,3% na área plantada na safra 2022/23, chegando a 1,657 milhão de hectares. Já a produção é estimada em 2,94 milhões de toneladas, ou seja, 17,6% de aumento.


Fonte: Portal Rural News